O rei de Espanha está visivelmente envelhecido. Aos 56 anos, Felipe não tem tido um reinado tranquilo ao qual se somam também os problemas familiares que carrega às costas. Talvez seja essa a razão para a imagem derrotada do monarca.
Imagem essa que esteve em evidência no dia em que, no porto de Cádis, se despediu na filha, a princesa Leonor,
que iniciou uma viagem de seis meses a bordo do navio-escola Juan Sebastián Elcano. Pilar Eyre,
jornalista e especialista em assuntos da realeza, analisou as imagens do rei e garante que as suas lágrimas não são apenas por causa da partida da filha.
Diz Eyre: “O que se passou na cabeça de Felipe naqueles momentos? Sobre o que realmente eram aquelas lágrimas? É verdade que Leonor estará a maior parte do tempo no mar, mas fará paragens, nove especificamente, e em qualquer uma delas poderá ver os pais. A Princesa das Astúrias já está afastada da casa da família há quatro anos. Dois no País de Gales, um em Saragoça e este ano em Marín. Essa ausência, portanto, não é novidade, eles tiveram tempo de se acostumar!“, começou por escrever a jornalista na revista ‘Lecturas’.
“Talvez tenha passado pela cabeça de Felipe as duras experiências que Leonor terá de enfrentar, um desafio totalmente diferente do que viveu até agora. O programa da Princesa das Astúrias é uma cópia exacta daquele que ele próprio seguiu em 9 de Janeiro de 1987. Na sua primeira travessia, antes de chegar às ilhas Canárias, o navio sofreu uma terrível tempestade, visto que existe uma zona de vendavais mais além de Cádis que costumam surgir nesta época do ano“, continua Pilar Eyre.
E continuou: “Felipe, um jovem imberbe de 19 anos que cresceu entre o algodão, teve que se levantar à meia-noite para o primeiro turno e, quando saiu para o convés, uma onda derrubou-o no chão e ele bateu gravemente com a cabeça. Duas horas depois de luta incessante contra as intempéries, outra onda bateu na proa e quebrou um mastro, mas só quatro horas depois Felipe conseguiu retornar ao seu beliche”, recordou a jornalista.
Mas há mais: “Encharcado, exausto, ainda teve de ajudar os companheiros que estavam mareados e enchiam a cabine de vómito. Ali Felipe não era um príncipe, era uma criança exausta que enfrentou sozinho, sem ajuda da mãe, nem tutores, nem assistentes, cinco meses sem privilégios.”
E termina Pilar Eyre dizendo que o rei se sente culpado por tudo aquilo que a filha vai ter de enfrentar nos próximos seis meses. Seis meses esses que não farão de Leonor uma boa rainha. Essa será, no entender da jornalista, a razão das lágrimas de Felipe.