Netanyahu anuncia acordo para cessar-fogo entre Israel e Líbano

Dirigindo-se ao país, após uma reunião do Gabinete de Segurança de Israel, com autoridades libanesas, o primeiro-ministro israelita,

Benjamin Netanyahu, explicou que um dos motivos para aceitar o plano foi potenciar o regresso a casa dos cidadãos israelitas do norte.

A guerra só irá terminar quando isso suceder, afirmou, agradecendo a perseverança e resiliências destes concidadãos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, irá pronunciar-se sobre este acordo ainda esta terça-feira, pelas 19h30 (hora em Lisboa).

Netanyahu garantiu ainda que o Hezbollah “já não é o mesmo”, lembrando os ataques que decapitaram toda a estrutura do movimento libanês e destruíram muitas das suas infraestruturas militares, financeiras e de comunicações. “Fizemos-los recuar dezenas de anos”, afirmou.

Netanyahu garantiu ainda que, caso as milícias xiitas libanesas violem o acordo e tentem rearmar-se, Israel irá “responder” e ataca-las. “A nossa liberdade de ação permanece total”, no Líbano, garantiu, à revelia das exigências de Beirute. A duração das tréguas irá por isso depender do que suceder “no terreno”.

“Um acordo pode ser imposto e nós iremos impo-lo”, rematou, apesar dos os termos exatos do que está em cima sa mesa não terem sido divulgados. A pontuar a ameaça, o discurso de Netanyahu coincidiu com mais um bombardeamento, do bairro de Hamra, no centro de Beirute.

O plano para o cessar-fogo vai ser adotado “esta noite” pelo Gabinete de Segurança, revelou ainda o primeiro-ministro, e será depois apresentado ao executivo israelita.

Beirute já havia aprovado o plano e, à agência Reuters, o vice-presidente do Parlamento do Líbano garantira prontidão para o implementar, mal Israel anuísse.

Mal Netanyahu se calou, o primeiro-ministro libanês em exercício, Najib Mikati, apelou à comunidade internacional para aprovar a “implementação imediata” do cessar-fogo.

Na semana passada, num discurso televisionado, o novo líder do Hezbollah, Naim Qassem, pareceu ter dado igualmente luz verde à proposta norte-americana, num compromisso tácito mas não frontal.

Irão, Gaza e rearmamento

As tréguas foram apresentadas ao povo israelita com três vantagens, a questão iraniana, a reposição de arsenais e a separação das frentes de guerra, isolando o Hamas.

Netanyahu afirmou nomeadamente que irão permitir ao país “concentrar-se na ameaça iraniana”. Israel está “determinado a fazer tudo o que for necessário para impedir o Irão de conseguir armas nucleares”, afirmou.

Bibi ameaçou ainda a Síria do presidente Bashar al Assad, velha aliada do regime iraniano dos Ayatolahs, afirmando que ele “tem de perceber, está a brincar com o fogo”.

“Estamos a mudar a face do Médio Oriente”, vangloriou-se o primeiro-ministro israelita, sublinhando que Israel permanece um Estado militarmente forte e defendendo que o mundo ficou admirado com as grandes conquistas das Forças de Defesa de Israel, num reflexo do poder do país na região.

Referindo-se à guerra que eclodiu após o ataque sem precedentes do Hamas ao sul do país, a 7 de outubro de 2023, Netanyahu lembrou que “fomos atacados em sete frentes” (Gaza, Cisjordânia, Líbano, Síria, Irão, os rebeldes Houthi do Iémen e os grupos paramilitares iraquianos apoiados por Teerão), mas que é tempo agora de olhar para um “cenário mais, mais vasto”, afirmando-se determinado em levar Israel à vitória.

O primeiro-ministro israelita não se coibiu contudo de reconhecer que o esforço de guerra tem afetado os arsenais e que, por isso, as tréguas irão possibilitar a Israel recuperar poder de fogo. “Não é segredo: tem havido imensos atrasos na entrega de armas e de munições”, afirmou, num à parte à Administração norte-americana. Acusação prontamente desmentida por uma fonte desta ao Times of Israel.

Gaza não irá entretanto beneficiar do acordo com o Líbano. Pelo contrário, Netanyahu prometeu que “a pressão se irá intensificar” sobre o Hamas até “completar” a sua eliminação, revelando que já foram mortos cerca de 20.000 terroristas em Gaza

Bibi prometeu igualmente resgatar os quase cem reféns israelitas ainda sequestrados em Gaza, e garantir que o enclave nunca mais sirva de território a partir do qual Israel seja ameaçado.

O que propõe o plano

Ao abrigo da proposta, Israel terá de retirar as suas Forças de Segurança das áreas que ocupou no sul do Líbano para combater as milícias xiitas libanesas do Hezbollah. Em troca, estas comprometem-se a recuar para norte do Rio Litani, a cerca de 25 quilómetros da fronteira israelita.

A área intermédia ficará sob responsabilidade de uma força de cinco mil soldados das forças armadas libanesas e de contigentes da ONU integrados na UNIFIL.

A proposta norte-americana pouco difere da resolução 1701 acordada em agosto de 2006, na qual se baseia, e que originou 17 anos de tréguas entre o Hezbollah e Israel. Na altura, constituiu-se uma força das Nações Unidas, a UNIFIL, em apoio ao exército do Líbano, que seria agora reforçada.

A missão da UNIFIL era garantir que nenhuma outra força militar além das, legitimadas pelo Direito Internacional, permanecesse a sul do rio Litani. A resolução previa igualmente o desarmamento dos grupos armados, incluindo o Hezbollah, algo que nunca foi implementado. O Líbano acusou Israel de violar várias vezes os termos da resolução através de patrulhas aéreas.
As tréguas de 2006 foram quebradas pelo Hezbollah em outubro de 2023, em apoio ao grupo islamita palestiniano do Hamas. Os ataques com morteiros das milícias xiitas duram há mais de um ano e forçaram milhares de israelitas a abandonar as suas casas junto à fronteira.

Nas últimas semanas o conflito bilateral reacendeu-se, depois de Israel ter dado início a uma ofensiva aérea e terrestre no próprio Líbano, contra o Hezbollah mas com repercussões graves na população civil libanesa.

No seu avanço, os militares israelitas afirmaram ter detetado e destruído na área vigiada pela UNIFIL, diversas posições, túneis, arsenais e bastiões do Hezbollah, construídas em violação da resolução 1701.

A atual proposta dos Estados Unidos inclui a criação de um comité internacional para monitorizar a aplicação do acordo, liderado pelos Estados Unidos. Josep Borrell, alto representante da União Europeia para a Política Externa, defendeu os planos esta terça-feira, considerando que implementam todas as garantias de segurança necessárias para Telavive.

Reticências israelitas

O ceticismo de que os termos do cessar-fogo serão cumpridos afeta membros do executivo israelitas, como Itamar Ben Gvir. O ministro da Segurança Interior na coligação de Benjamin Netanyahu afirmou-se francamente contra um cessar-fogo que implique o recuo militar israelita.

Em entrevista à rádio Kan, Ben Gvir considerou que “será uma oportunidade histórica perdida se pararmos tudo e voltarmos atrás”, não só no Líbano, contra a milícia xiita, mas também em Gaza, contra o Hamas.

Depois do discurso de Netanyahi, Ben Gvir lamentou a anuência à proposta, denunciando-a como um “erro histórico”, sem contudo elucidar se de irá demitir ou se o seu partido de extrema-direita, o Otzma Yehudit, irá romper a coligação governamental em protesto.

“Isto não é um cessar-fogo. É um regresso ao conceito da calma pela calma, e já vimos onde isto nos leva”, afirmou na rede X. “Em última instância teremos de regressar ao Líbano”, previu.

Em contraste, o líder da oposição israelita, Benny Gantz, rejeitou um cessar-fogo temporário e afirmou que Israel devia aproveitar qualquer acordo com o Hezbollah para “mudar fundamentalmente a situação no norte”. O acordo agora alcançado poderá ser nesse sentido demasiado fraco para Gantz.

“Não devemos perder a oportunidade de um acordo forte”, defendeu, lembrando todos os sacrifícios de Israel nos últimos meses.

Dúvidas e mais dúvidas

Mesmo com a anuência israelita, a proposta não será fácil de implementar, mesmo por meros 60 dias, sendo o Hezbollah, que ainda não se pronunciou formalmente, uma enorme pedra no sapato do entendimento israelo-libanês.

Outras questões são as dúvidas logísticas e operacionais. O exército do Línano já disse que não tem recursos – nem dinheiro, nem pessoal, nem equipamento – para cumprir as suas obrigações de vigilância e segurança da área fronteiriça.

Se a comunidade internacional decidir complementar estas falhas, a missão libanesa permanece um risco, uma vez que os termos do acordo não estabelecem para já se o exército libanês terá como obrigação confrontar as milícias xiitas, caso estas violem o acordado. Se sim, a luta poderá exarcebar gravemente as tensões sectárias internas no Líbano.

Alguns relatos sugeriram que uma das condições para Telavive ceder, terá sido o apoio escrito dos EUA ao direito de Israel a agir em território libanês, caso o Hezbollah viole os termos do acordo. Condição não incluída na proposta mas confirmada esta noite por Netanyahu. “Em acordo com os Estados Unidos, mantemos uma liberdade total de ação militar” no Líbano afirmou.

A hipótese de intervenção israelita no Líbano tem sido consistentemente rejeitada por Beirute como violação da sua soberania, mas o governo de Mikati reconhece que o seu exército pouco pode fazer para a impedir.

Israel já prometeu várias vezes que, com ou sem garantias, se reserva o direito de agir em caso de ameaça, como já o faz na Síria. Esta noite, Benjamin Netanyahu repetiu a promessa.

No texto, Biden e Macron sublinharam que o acordo irá “proteger” Israel da “ameaça” colocada pela milícia libanesa e “as outras organizações terroristas que operam a partir do Líbano”.

Os dois presidentes prometeram ainda fazer tudo para reforçar as “capacidades” do exército libanês e auxiliar à recuperação da economia do país.

“Os Estados Unidos comprometem-se a desempenhar um papel de primeiro plano no apoio aos esforços desenvolvidos à escala internacional para reforçar as capacidades das Forças Armadas libanesas e favorecer o desenvolvimento económico em todo o Líbano, afim de promover a estabilidade e a prosperidade na região”, acrescentaram. Ao abrigo da proposta norte-americana, aceite tanto por Beirute como por Telavive, o exército libanês será responsável pela segurança de uma faixa entre 25 e 30 quilómetros ao longo da fronteira entre os dois países. Beirute já afirmou contudo que não dispõe de meios, pessoal ou equipamento para tal missão, necessitando de apoio.

“Permanecemos determinados em evitar que este conflito se torne num outro ciclo de violência”, prometeram ainda os dois líderes.

Ao comentar publicamente o acordo, através da televisão, Joe Biden considerou que as tréguas marcam assim “um novo começo” para o Líbano.

Lembrando que “Israel não começou esta guerra, o povo do Líbano não quis esta guerra”, numa responsabilização direta da milícia xiita do Hezbollah,

Biden sublinhou que o exército israelita “destruiu a infraestrutura do Hezbollah no sul” junto à fronteira com Israel, mas recordou também que “a segurança duradoura não se alcança apenas no campo de batalha”.

Joe Biden admitiu também que tem vindo a enviar ajuda à região “para defender Israel e deter o nosso inimigo comum num momento crítico”.

Desde o início da guerra, mais de 70.000 israelitas foram forçados a viver como refugiados, lembrou, enquanto viam as suas comunidades serem “destruídas”. Mais de 300.000 civis libaneses foram igualmente forçados a tornarem-se refugiados, acrescentou.

“Este foi o conflito mais mortífero entre Israel e o Hezbollah em décadas”, lamentou. Mas “a luta terá fim. Terá fim”, repetiu. “Isto foi desenhado para ser uma cessação permanente das hostilidades”.

“A paz é possível”

Os Estados Unidos já se comprometeram a apoiar os israelitas caso estes considerem necessário voltar a entrar no Líbano se o Hezbollah violar as tréguas ou procurar rearmar-se. As tréguas deverão iniciar-se às 04h00 locais desta quarta-feira (02H00 GMT), anunciou ainda o presidente norte-americano.

Já esta noite, horas antes do início formal do cessar-fogo, Houve novos ataques de parte a parte.

Joe Biden afirmou que o acordo irá permitir aos civis de ambos os países regressar a casa. Com a França e os seus aliados, o presidente norte-americano prometeu fazer tudo para que o acordo seja “implementado” em pleno, mas frisou que não haverá envolvimento de tropas norte-americanas.

No remate da sua breve alocução, proferida no Jardim das Rosas na casa Branca, em Washington, e agradecendo aos líderes libanês e israelita por terem aceitado a iniciativa, Joe Biden referiu que o acordo “lembra-nos que a paz é possível“.

A proposta de cessar-fogo norte-americana foi negociada com o apoio da França, antiga potência colonial do Líbano, e visa uma cessação das hostilidades entre Israel e a milícia xiita do Líbano, tendo sido aceite esta tarde pelo Gabinete de Segurança de Israel, depois de Beirute já a ter aceite.

Foi levada depois perante o executivo liderado pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, onde recebeu luz verde com apenas um voto contra.

Netanyahu já agradeceu os esforços pela paz, tal como o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, para quem o acordo configura um “passo fundamental para o restauro da calma e da estabilidade no Líbano que irá permitir às pessoas regerssar às suas cidades e vilas”.

Tréguas difíceis

O plano, baseado na resolução da ONU 1701, de agosto de 2006, é fazer recuar as forças beligerantes, o Hezbollah para o norte e Israel para o sul, ficando as tropas libanesas e da ONU, a UNIFIL, responsáveis pela manutenção desse afastamento ao longo da fronteira israelo-libanesa.

A primeira fase será manter as tréguas por 60 dias mas a implementação do acordo não se afigura fácil.

Ao confirmar a adoção do plano de cessar-fogo, Netanyahu explicou as suas vantagens ao povo israelita. As Forças de Defesa de Israel poderão agora não só repor os seus arsenais como, nomeadamente, concentrar-se no combate à ameaça representada pelo Irão, o Estado patrocinador não só do Hezbollah, mas também do movimento islamita palestiniano Hamas e de outros grupos islâmicos regionais que têm atacado Israel desde o ataque de dimensões sem precedentes da milícia palestiniana, a 07 de outubro de 2023.

Além de aplaudir o acordo, o primeiro-ministro libanês anunciou um reforço da presença militar do Líbano no sul do país, junto à fronteira com Israel, um sinal de boa-vontade e um eventual aviso aos combatentes xiitas ali estacionados.

Já o Hezbollah, peça chave no plano, afirmou-se aberto a um cessar-fogo, sem se comprometer, garantindo que irá continuar os seus ataques enquanto Israel prosseguir a sua ofensiva contra o Hamas, em Gaza. O movimento não reagiu imediatamente ao anúncio israelita desta terça-feira.

Cessar-fogo em Gaza

Enquanto Netanyahu prometeu “intensificar” igualmente os esforços para eliminar por completo o Hamas em Gaza, aproveitando o alívio operacional no Líbano, o presidente norte-americano prometeu em contraste “para os próximos dias” novas iniciativas para o regresso às negociações de cessar-fogo no enclave.

“O povo de Gaza tem vivido num inferno. O seu mundo foi estilhaçado”, lamentou.

Após a solução encontrada para o Líbano e para os confrontos com o Hezbollah, o Hamas “tem agora a sua oportunidade”, desafiou Biden, sublinhando que a condição para tal é “libertar os reféns” israelitas ainda sequestrados em Gaza há quase 14 meses.

“Nos próximos dias, os Estados Unidos vão fazer um novo esforço com a Turquia, o Egito, o Catar, Israel e outros países, para conseguir um cessar-fogo em Gaza, a libertação dos ref~ens e o fim da guerra sem o Hamas no poder”, declarou Biden.

O presidente dos Estados Unidos, apesar de estar em fim de mandato, assegurou também que o seu país “se mantém preparado para concluir uma série de acordos históricos com a Arábia Saudita, que incluam o pacto de segurança e garantias económicas, a par de uma via credível para estabelecer um estado palestiniano e a pela normalização das relações entre a Arábia Saudita e Israel”.

Esforços que, a serem passados à própria Administração, deverão chegar a bom porto, já que, durante a sua primeira presidência, o sucessor de Joe Biden na Casa Branca, Donald Trump, conseguiu estabelecer os Acordos de Abaraão, que normalizaram as relações entre Israel e diversas monarquias do Golfo, estendendo a cooperação a todos os campos, desde económico a científico e abrindo caminho à pacificação da área.

Uma das consequências dos Acordos de Abraão, não subscritos pela Arábia Saudita, foi o isolamento regional do Irão dos Ayatolahs, que juraram destruir Israel. Muitos analistas pensam que o atual conflito desencadeado pela invasão de Israel por parte do Hamas, se inscreve numa tentativa por parte de Teerão de voltar a isolar Israel, fazendo letra morta dos Acordos.

 

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